sábado, 27 de dezembro de 2008

marchar com passo trocado e marcar passo

O Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo parte de um equívoco, que consiste em projectar a Comunidade Intermunicipal (CIM) como uma organização que serve os interesses individuais, o que é um erro, pois uma comunidade alimenta-se da mútua confiança na prossecução do interesse colectivo. Não é um espaço de poderes hierárquicos, onde há decisões com base no domínio dos mais fortes, pelo contrário, é a união de esforços dos municípios (no Minho-Lima são 10), segundo o princípio da solidariedade e da subsidiariedade.
O legislador, com a proporção inscrita no artº 11º da Lei (45/2008), procurou precisamente promover o consenso alargado, a equidade, não a supremacia deste ou daquele município sobre os outros. As comunidades não se constituem a partir do domínio de alguém, mas da associação partilhada de vontades com objectivos comuns. No caso concreto, é lamentável que o Sr. Dr. Defensor Moura coloque a desconfiança pessoal acima do interesse municipal e da região Minho-Lima.
É mau princípio ponderar o desenvolvimento comum e o interesse das populações com base na desconfiança. Não é digno de um presidente de câmara desconfiar das intenções de outros seus colegas e camaradas. Não é lícito fazer apelo a instintos bairristas ultrapassados para fazer valer a desconfiança pessoal sobre o desenvolvimento local. Na verdade, se o espírito da lei fosse no sentido de que uns mandam e os outros obedecem, a mesma iria contrariar a realidade cultural, social e económica dos dias de hoje, caracterizada pela transversalidade, pela economia de escala, pela acção conjunta e partilhada, pela globalização e o desenvolvimento equilibrado.
Viana do Castelo não pode ficar de fora da CIM Minho-Lima, sob pena do concelho ficar privado de projectos e de fundos financeiros indispensáveis ao bem-estar das pessoas e à melhoria das condições de vida de todos os vianenses, e de si também, caro leitor.
A atitude de desacerto do Sr. Dr. Moura, nesta matéria, faz lembrar-me um companheiro da recruta militar, o Maceno. Este companheiro, causídico de profissão, sempre que o pelotão marchava, fazia-o com o passo trocado. Quando o Capitão interrompia a marcha e gritava: - Maceno!, este respondia: -Sim, meu capitão, eu estou com o passo certo, os companheiros é que marcham com passo trocado. E dizia-o também convictamente, mas na realidade era o único a marcar passo enquanto os restantes afirmavam a direita. Além da gargalhada geral que provocava, o Maceno teve de fazer juramento bandeira sozinho junto ao Comandante.
É este isolamento forçado pelo desacerto que não desejo, e o CDS-PP não aceita, para Viana do Castelo, pois além de nos poder sair caro, poder-nos-emos envergonhar da decisão de ficar de fora da CIM Minho-Lima, vendo todos os outros prosseguir a marcha, enquanto, sós, veremos o comboio do desenvolvimento passar.

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